Autor Tópico: Comentário sobre a entrevista do CEO da Mandriva  (Lida 4740 vezes)

Offline FaBMak

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Comentário sobre a entrevista do CEO da Mandriva
« Online: 17 de Fevereiro de 2006, 12:37 »
O texto a seguir foi publicado no site dos membros da Free Software Foundation Europe, criticando a entrevista do CEO da Mandriva, publicada no Mandriva Club, na semana passada e  traduzida, ontem, aqui no site.

François Bancilhon, CEO da Mandriva, deu, recentemente uma entrevista ao Mandriva Club. Durante essa entrevista, ele fez sérias críticas ao Ubuntu. Alguns dos seus argumentos vão de mentiras simples até FUD.

Aqui vão alguns exemplos:

“O pior cenário possível é que o plano do Ubuntu é usar o dinheiro tirar todas as distros baseadas em comunidade do mercado e então começar a capitalizar sobre a base instalada.”

1.) O Ubuntu garante no seu website que nunca vai fazer o que a Mandrake/Mandriva fez, oferecendo uma assim chamada versão “Premium” por dinheiro. Eles podem quebrar esta promessa mas isso é, realmente, provável? Por isso, este é um argumento desonesto, outros chamariam simplesmente de FUD. Aha. Um CEO de um empresa dita de Código Aberto escondendo-se atrás de FUD, não é? Bem, todos nós sabemos quem são os culpados usuais, o que isso nos diz a respeito de François e da Mandriva?

2.) A segunda parte deste argumento é que François parece considerar a Mandriva como projeto comunitário. François, o Debian é um projeto comunitário, assim como o Arch Linux, o Gentoo e muitos outros. Eu não nego que a Mandriva possui uma grande comunidade [em torno dela], mas a única interpretação da Mandriva sendo “comunitária” é que eles sobrevivem tirando dinheiro dela. Estas pessoas estão pagando pelo privilégio de ter o software antes dos outros. Em troca, eles recebem o seu GNU/Linux manchado com software não-livre. Uau, que bom negócio. Ubuntu não faz nada disso. Você recebe todo o software não-livre ao mesmo tempo que os outros e você não tem que pagar pelo serviço de sujar [seu GNU/Linux]. Em essência, a Mandriva NÃO É uma distro comunitária, ela é mantida por uma empresa, coisa que distros como Debian, Gentoo e Arch Linux não são. Mesmo o Ubuntu criou uma fundação para mantê-lo funcionando no caso da Canonical interromper [o suporte]. Adicionalmente, minha percepção é que a interação do Ubuntu com a comunidade de Software Livre é muito mais intensa que a da Mandriva, basta ver quantos Desenvolvedores Debian trabalham para a Canonical ou estão, de uma forma ou de outra, envolvidos no projeto Ubuntu.

3.) O terceiro erro no argumento de François é que o Ubuntu pode tirar as outras distros comunitárias do mercado. A reflexão centrada nos negócios de François sobre projetos sem fins lucrativos não se encaixa na realidade, entretanto. Bem, eles podem colocar empresas fora do mercado, mas eu não posso imaginar o Ubuntu acabando com projetos como o Debian, o Gentoo ou o Arch Linux e todos outros, você pode? Expor tal argumento é, mais uma vez, nada mais que FUD.

Outro excelente FUD é esta sentença:
“uma pessoa, com um talão de cheques quase sem limites, está por trás da operação.”

Bem, François. Eu espero que todos os Ubuntu Members, MOTUs, LaptopTesters e outros não leiam esta sentença. Eles podem ficar seriamente irritados com você, você entende. Caso você não tenha percebido, precisa de um pouco mais que uma única pessoa para criar uma boa distro GNU/Linux. Ao reduzir o Ubuntu a Mark Shuttleworth você cometeu uma severa injustiça com todos os outros envolvidos e desrespeitou fatores essenciais para a criação de uma distro GNU/Linux popular. Talvez este seja o motivo pelo qual a Mandriva ainda não conquistou o mundo GNU/Linux.

A última sentença que eu quero comentar é esta:
“Fazendo isso, estamos construindo uma empresa forte e saudável baseada num modelo de negócios comprovado.”

O quê? De novo, existem diversas [distribuições] GNU/Linux e milhares de projetos de Software Livre bem sucedidos por aí que não são baseados no “modelo de negócios” da Mandriva. Porque devemos nos preocupar com a felicidade dos acionistas? Nós estamos felizes se pudermos usar Software Livre e convencer os outros a fazer o mesmo. Nem todo mundo vê o GNU/Linux como um “produto” como François faz, mas ele não parece entender isso.

No fim das contas, François não fez nenhum bem a si mesmo emitindo suas opiniões sobre o Ubuntu. Eu não tenho nenhum problema a respeito da Mandriva anunciar seus produtos, mas espalhar FUD sobre um projeto como o Ubuntu parecer ser um tanto impróprio, não é?

Existem algumas boas razões para que alguém use o Ubuntu e existem algumas boas razões para que alguém use o Mandriva. Entretanto, François desrespeitando o Ubuntu nesta entrevista não quer realmente que eu use o Mandriva.

A cópia e distribuição literal deste artigo completo é permitida em todo o mundo, sem cobrança de royalties, em qualquer meio, desde que este aviso seja preservado.

Fonte: http://www.linuxdailylog.com/2006/02/comentario-sobre-a-entrevista-do-ceo-da-mandriva.html
"Não creias impossível o que apenas improvável parece". (Shakespeare)
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Offline dop182

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Comentário sobre a entrevista do CEO da Mandriva
« Resposta #1 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 12:52 »
Me ofendeu também  :evil:

Na realidade são eles que tiram as empresas do mercado (conectiva, Lycoris e sei lá se tirou outras) e adotam um modelo comercial de distribuição  e (não comunitário, que é o caso do nosso amigo Ubuntu), falando que mantem vínculo com a comunidade. A questão das críticas sobre o Ubuntu, é que o Ubuntu está tomando o lugar (e com razão) deles, ameaçando o modelo economico não-Free.


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Offline galactus

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Comentário sobre a entrevista do CEO da Mandriva
« Resposta #2 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 12:54 »
Eu já tinha lido essa entrevista do CEO da Mandriva.

O cara tá com dor de cotovelo em ver uma dsitribuição gratuita crescer, enquanto o distro dele, baseada num modelo de negócios comprovado, não consegue o mesmo crescimento e notoriedade.
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Offline RC2006

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Comentário sobre a entrevista do CEO da Mandriva
« Resposta #3 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 13:47 »
Já vi outra entrevista dele, desta vez comentava sobre  a Sun com o modelo OpenSolaris. (PCMaster dez-2005)
É isso aí. O modelo atual da Mandriva é bem comercial e apesar de comprar a Conectiva e Lycoris, estão perdendo posição no ranking da distrowatch.
 
http://distrowatch.com

Vejam a sua posição, neste site que é considerado o termometro do Soft Livre

2004-> 1o. lugar Mandrake linux
2005-> 1olugar Ubuntu 2o. Mandriva
Ultimos 6 meses: 1o. Ubuntu 2o.Suse 3o.Mandriva
Ultimo mes: 1o.Ubuntu 2o.Suse 3oFedora 4o.Mepis 5o.Mandriva

É preocupante para quem era o primeiro e ,depois de incorporar outras distros ficar na 5a. posição
HP All-in-one 4GB HD760 - windows7 home premium - Netbook Asus 1005PEB - Windows 7 - Ubuntu 11.04
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Offline dop182

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Comentário sobre a entrevista do CEO da Mandriva
« Resposta #4 Online: 17 de Fevereiro de 2006, 14:51 »
Particularmente, prefiro distros feitas pela comunidade. Não gosto de distros comerciais
Me sinto mais acomodado por distros da comunidade.   :wink:


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joaomelo

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A MANDRIVA QUASE FALIU
« Resposta #5 Online: 20 de Fevereiro de 2006, 19:12 »
O Chefe de Todos os Chefes da MANDRIVA não entende nada de comunidade. E não entende também de negócio. Então, ficará cada vez mais difícil manter a MANDRIVA.
Aliás, vou cancelar minha assinatura do clube.

Offline Marcos Benedito

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Comentário sobre a entrevista do CEO da Mandriva
« Resposta #6 Online: 20 de Fevereiro de 2006, 22:12 »
Antes de começar a ler, já aviso que sou prolixo.

Não sei... não consegui ver nada de ofensivo nas respostas dele... só li a tradução, mas como acho que é o mesmo caso da maioria, o fiz algumas vezes prá ver se não era apenas um impulso de rebeldia meu, impulso de ir contra.
Ele não disse mentira quando falou que tem um talão de cheques quase sem limites por trás da distribuição. Claro, tem várias outras pessoas, mas tudo começou com o dono do talão, não sei se pagando ou se desenvolvendo, mas foi o precursor de tudo e ainda é o líder. Como disse o Galactus, nosso devorador de mundos, senti um tom de inveja, dor de cotovelo quanto a isso, mas não uma afronta. (sem contar que voltado ao projeto Ubuntu, especificamente, esse talão sem limites deve ter um limite sim e garanto que mesmo tendo esse limite ultrapassado, Mr. Mark não ficará na miséria)
Outra coisa foi a citação quanto ao "pior cenário", nas palavras traduzidas. Quando se está a frente de um projeto, todos os acontecimentos periféricos são analisados virtualmente... são cenários. Ele só expôs o que poderia ser a pior situação imaginada por eles. Na minha humilde opinião, esse seria um cenário muito bom prá qualquer concorrente do Ubuntu, porque ele perderia força e credibilidade voltando atrás no compromisso assumido com seus usuários. Eu acho um cenário muito pior o Ubuntu seguir cumprindo suas promessas.
Quanto a ser comunitário ou não, não vou discutir porque sou muito novo no mundo do software livre (tô até postando agora do windows, e com IE), prá conhecer os critérios adotados, a quem seguir e a quem odiar, mas em qualquer dicionário pode ser encontrado que comunidade é um grupo com algo em comum, como nós usuários do Ubuntu, ou nós que mantemos nosso windows em dual-boot, ou os usuários do mandriva.
O modelo de negócios deles é de fato comprovado, acho que a maioria de nós sobrevive desse mesmo modelo de negócios, vender um produto ou serviço, ou ambos. Mas usar um modelo de negócios comprovado não é garantia de sucesso, principalmente se seu concorrente tem o mesmo serviço ou similar por um preço mais atrativo ou gratuíto, como é o caso. Eu aconselharia a ele que deixasse de ter tantas reuniões de pé e começasse a sentar para discutir o assunto. A empresa necessita urgentemente de uma idéia inovadora e uma estratégia agressiva para não ser engolido pelo maldito, inconsequente e irritantemente competente Ubuntu.
Caros, precisamos ser menos xiitas, menos apaixonados e mais práticos, algumas vezes as coisas se misturam, ideologias e negócios, mas a gente não pode levar tudo pro lado pessoal, o cara nem estava falando com a gente, estava falando especificamente para a comunidade dele, dando uma satisfação: "somos fortes, resistiremos, continuaremos, não mudem pro outro que o nosso é o bom".
Menos paixão e mais critério, minha gente, prá não cair no mesmo erro do cara. Internet é assim, você foca suas palavras a um grupo, mas se der brecha prá má interpretação, elas se propagam pelo mundo todo.

E prá encerrar, um esclarecimento, não estou defendendo monsieur François não, ele deve ter grana prá pagar por bons advogados e eu nem mesmo sou advogado. Estou defendendo nosso fórum, nossa comunidade... estou nos defendendo de nós mesmos, nos alertando sobre o cuidado de escrever sem pensar bem antes, nos defendendo de posturas radicais que, eventualmente, tomamos frente a situações que nem ao menos nos dizem respeito. Deixemos a briga apaixonada para os ofensores e ofendidos e nos comportemos como platéia.

Valeu!

Offline juliocesar

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Comentário sobre a entrevista do CEO da Mandriva
« Resposta #7 Online: 24 de Fevereiro de 2006, 12:30 »
Penso que opior desta historia é que temos uma disputa em um cenário de comunidades.

A existencia de varias distribuições é um fator essencial para que o Linux continue fornecendo liberdade. Você tem liberdade de escolher, de criar e de compartilhar. Quanto uma distribuição (principalmente seus lideres) ataca outra, temos um triste cenário onde a liberdade de criar e compartilhar também é atacada.

Não é somente uma questão de mercado, escolher uma distruibição é ter qualidade e desempenho ao seu alcance. Se o Ubuntu tem estas qualidades sem fixar ao usuario um prototipo pago e livre é pq a sua opção pode ser suportada por uma empresa e por um grupo de usuarios.

Pq não atacar a Red Hat? Pq todso sabemos que ela tem dominio fixo e principalmente na America do Norte. Já o Ubuntu cresce por ser livre, ter qualidade e respeita a liberdade do usuario e dos desenvolvedores sem fixar um preço por isto.

Sou a favor de cobrar pelo suporte, pois valoriza o conhecimento adquirido, tal como um professor recebe para ensinar. Já a estrutura de um professor pode ser gratuida como em faculdades e escolas. No Brasil este exemplo pode paracer estranho, mais lá fora existem locais onde ensino publico é de qualidade.
Júlio César
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Offline Marcos Benedito

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Comentário sobre a entrevista do CEO da Mandriva
« Resposta #8 Online: 24 de Fevereiro de 2006, 16:03 »
Caro juliocesar,

Repito que não vi onde o francês "atacou" o Ubuntu, eu vi revides apenas, mas acho que o sujeito só respondeu a uma pergunta que tinha o objetivo de criar essa situação.
Se eu fosse usuário do Mandriva, ficaria preocupado, pois o meu fornecedor está preocupado com o crescimento do seu concorrente (embora negue isso) e não com o desenvolvimento do seu produto.
Mas, como sou usuário do Ubuntu, estou preocupado com a comunidade que o utiliza, pois um produto se identifica com os seus usuários, tenho medo que esse tipo de demonstração da nossa mentalidade se reflita no futuro do projeto.
Nem tenho idéia de quem é o cara que escreveu o "artigo resposta", mas espero que não esteja na linha de frente do desenvolvimento do produto Ubuntu.