Rússia foi a exceção no grupo de países emergentes conhecidos por sua proeminência em TI
Pode ser um mau sinal para as perspectivas de crescimento da Microsoft nos países emergentes. O fato é que os países cujos mercados experimentam maior expansão em TI votaram contra o formato Open XML ser aprovado como padrão internacional pela International Organization for Standardization (ISO).
Brasil, Índia e China, que juntos somam mais de um terço da população mundial, votaram não. A Rússia foi o único membro do grupo conhecido como BRIC a votar pela ratificação do Open XML.
“Estas são áreas onde o código aberto tem mais força e mais defensores”, analisa Michael Silver, analista do Gartner.
A lista de países que votaram contra o Open XML também inclui Canadá, Irã, África do Sul e Venezuela. Os Estados Unidos foram favoráveis.
As nações emergentes como China, Índia e Brasil estão previstas para ter um importante papel no crescimento dos gastos em TI nos próximos anos. O fato de que estes países rejeitaram o formato da Microsoft como padrão pode significar dificuldades para a companhia, avalia o analista do Gartner.
“A Microsoft vem tentando descobrir os melhores caminhos para penetrar estes países há anos, mas estas são áreas onde os usuários buscam mais produtos gratuitos e de código aberto”, afirma Silver.
Segundo ele, a participação de mercado do Linux e de aplicações que usam o padrão Open Document Format (ODF – rival do Open XML) é pequena, mas cresce rapidamente nos países emergentes, onde usuários domésticos e corporativos têm orçamento de TI mais apertado. “São muito mais sensíveis a preço e não possuem base instalada pré-existente que os comprometa com produtos comerciais”, diz Silver.
O Gartner estima que a participação de mercado do Linux para desktop esteja em cerca de 2% na região Ásia-Pacífico, 4,5% no Leste Europeu, 4% no Oriente Médio e África. Para se ter uma idéia de comparação, nos Estados Unidos a margem do sistema operacional de código aberto não passa de 1,2%.
A vitória da Microsoft na ISO pode estar sujeita a apelação. A aprovação foi feita em meio a acusações à companhia, de que teria influenciado votos, e a União Européia está investigando o caso.
O presidente do comitê norueguês envolvido na votação formalizou um protesto contra a decisão de seu país ter aprovado o formato. Questionamentos também foram levantados na Alemanha, Croácia e alguns outros países.
No ano passado, a Microsoft reconheceu que um funcionário suíço ofereceu recompensas a executivos de TI locais para entrar no comitê de votação do país, a favor do Open XML.
Como o Open XML é o formato de arquivo padrão do Office 2007, o reconhecimento pela ISO poderia aumentar as chances da Microsoft ganhar mercados nos setores de governo e educação para seus produtos.
Os críticos argumentam que a Microsoft não apresentou documentação suficiente para que o Open XML seja considerado um padrão aberto.
Fonte:
InformationWeek EUA