Finalmente, consegui instalar o Debian Etch em meu computador, via
netinstall.
O
netinstall é uma pequena imagem
iso do Debian, com cerca de 150 MB (pode ser mais, pode ser menos) e composta apenas do instalador e do sistema básico. Pode ser uma forma bastante confortável de obter o Debian, especialmente para quem dispõe de uma boa conexão com a Internet.
Instalação
Bem, quem já utilizou o instalador Ubuntu em
curses (ou modo gráfico, como dizem alguns) não verá nenhuma grande diferença no instalador Etch. E não espere muita coisa do instalador gráfico (para usá-lo, basta digitar
installsgui na tela inicial e apertar a tecla
Enter): aqui o ganho de comodidade resume-se ao uso do
mouse ao invés do teclado; as telas não são tão didáticas quanto às do Anaconda ou do instalador Mandriva, sendo recomendável ler tudo com cuidado antes de dar cada passo. No entanto, o particionamento é muito bom, especialmente para quem tem alguma noção do que está fazendo. E a possibilidade de particionamento automático do
espaço disponível e não apenas de
todo o disco rígido ajuda bastante quem não tem experiência em particionar, mas deseja poupar a sua repartição Windows de qualquer acidente.
Quem, como eu, deseja instalar o
desktop padrão através da Internet, deve optar sempre pela configuração dos repositórios de rede. Se não o fizer, será instalado apenas o sistema básico e - para obter outros pacotes - será preciso editar mais tarde o
source.list do APT através de um editor qualquer, como o Nano. E esta pode ser uma tarefa bem difícil, mesmo para usuários experientes, pois apenas uma linha - com um espaço a mais ou a menos - pode comprometer o trabalho.
Escolhido o repositório correto (o instalador mostra todas as opções disponíveis em cada país!), basta agora selecionar o tipo de instalação que desejamos (apenas o
Sistema Básico ou
Sistema Básico e Desktop, ou ainda o
Sistema Básico e uma das opções de servidor, ou tudo isso...) e começar a transferência de pacotes. Assinalei o repositório Linorg e escolhi o Sistema Básico e o Ambiente Gráfico (Desktop): foram instalados 735 pacotes em cerca de 20 minutos!
Primeiras ImpressõesComo sempre, desde que passei para um máquina cujo
driver de vídeo é
Ai de
TI, ou melhor,
ATI, minha primeira tarefa depois de instalado um sistema é reconfigurar o monitor. Notei, com surpresa, que o reconhecimento automático do vídeo no Debian foi bem mais preciso que no Ubuntu. Pela primeira vez na vida, consegui a resolução de vídeo adequada sem muito trabalho! Ufa! Por alguns instantes, pensei que estava de volta a nVidia...
O ambiente gráfico padrão do Debian é o Gnome e um Gnome não muito diferente do que temos também
par default no Ubuntu: os aplicativos nativos do desktop de algumas
cositas mas. No submenu Som e Vídeo, por exemplo, lá estão o Rhythmbox, Sound Juicer, Totem e demais programas do Gnome. A única diferença em relação ao Ubuntu fica por conta do gravador de CDs GnomeBaker, que vem no lugar do Serpentine. E um GnomeBaker estável, funcional, o que não chega a ser tão comum... No
submenu Internet, por sua vez, os dois únicos acréscimos em relação ao Ubuntu são o Epiphany, navegador oficial do Gnome, e o leitor de notícias Liferea. No lugar do nosso Cliente do Terminal Server, está o Remotedesktop Client.
O Gnome do Debian é mais "puro", menos
customizado que o do Ubuntu. O que não significa que seja menos funcional. Para as tarefas quotidianas, é um ambiente praticamente pronto, mesmo que, em certos aspectos, seja menos confortável que aquele configurado pelo Ubuntu Team. Um exemplo: se você baixar um pacote
deb no Ubuntu, poderá abri-lo imediatamente, através do Gdebi. No Debian, não. Se você clicar sobre o ícone de um pacote
deb salvo anteriormente, a primeira alternativa será abri-lo com o Gdebi. No Debian, esta alternativa está apenas disponível no menu do Nautilus. Evidente que o usuário experiente não terá dificuldade em tornar o Debian tão fácil quanto o Ubuntu, mas para o principiante, este último tem vantagens evidentes.
Por outro lado, o remover & instalar pode ser em vários aspectos mais fácil que no Debian. Minha
source.list resume-se a isto
deb http://security.debian.org/ testing/updates main
deb-src http://security.debian.org/ etch/updates main
deb http://ftp.br.debian.org/debian testing main contrib non-free
deb http://www.debian-multimedia.org etch main
e mesmo assim, por meio destes repositórios, posso instalar tudo de que preciso. E com a vantagem adicional de que todos os programas e bibliotecas disponíveis nos repositórios oficiais tem o suporte da Comunidade Debian e estão mais ou menos no mesmo nível de atualização. Pude instalar sem dificuldade alguma o Ambiente Sun Java (com o plugin para o Firefox), o Flash da Macromedia e alguns poucos decodificadores de vídeo. Poucos porque a maior parte dos
plugins da biblioteca Gstreamer, aqueles todos eles ausentes do Ubuntu-padrão, já estavam instalados. E o Xine é o motor do Totem
par default e não o Gstreamer, como acontece no Ubuntu. O Listen está disponível nos repositórios oficiais (a última versão estável, é claro!) e o Oxine - ausente até mesmo dos repositórios Ubuntu multiverse - também estava lá: leve, rápido e estável.
No que tange ao desempenho, a vantagem em relação ao Ubuntu é mais do que nítida. Qualquer um notará que se trata de um sistema mais rápido e um pouco mais leve. A velocidade do
boot é um pouco maior, assim como é menor o tempo que levaram os aplicativos mais pesados (OpenOffice, Firefox, Listen) para abrir em minha máquina. Quanto à estabilidade do sistema, não notei nenhum dos 45
bugs "críticos" lembrados pelo Líder do Projeto Debian em sua última mensagem a Comunidade. O que não significa que não existam. Talvez seja a minha máquina, que não é atingida por eles, ou o uso que eu faço do sistema, muito simples para que eu pudesse percebê-los. Mas o Debian sempre foi mesmo muito exigente neste aspecto.
Já no quesito
aparência e temas, o Debian é ainda muito incipiente. Não está disponível ainda o
bootsplash (se é mesmo um
bootsplash o que teremos...), o
splashy não tem funcionado muito bem - nem se espera que ele faça parte do Etch - e o
usplash (o que temos no Ubuntu) exige muitas operações para sua instalação. Enfim, o mais seguro ainda é ter aquela tela preta enquanto a máquina arranca. O
splash do Gnome é o "cão chupando manga" (muito embora o autor, o André Ferreira, tivesse apresentado outras alternativas bem mais elegantes) e o tema oficial do Gnome é ainda o velho e bom Clearlooks. Em compensação, o papel de parede oficial é um achado! Mas, enfim, o
artwork do Gnome Etch ainda não está concluído e pode-se esperar alguns progressos até a versão final. Minha grande questão a respeito é a seguinte: será que precisaremos ainda que compilar o
kernel apenas para ter o
bootsplash? Para uma distro do ano 2007 seria como "buscar água no poço"...
Depois de algum tempo, usar o Debian Etch não parece muito diferente do que usar o Ubuntu. Com um pouco mais de tempo, o usuário do Gnome obterá uma estação de trabalho muito parecida, com funcionalidades quase idênticas e um pouco mais de velocidade, desde o boot até a ativação dos aplicativos gráficos. Mas quem quiser uma interface mais bonita, coesa e "profissional", terá que suar um pouco mais. Se uma coisa compensa a outra, só mesmo cada um poderá responder.