Sinceramente, o Takeda só faz o trabalho dele... Tentar vender o produto a todo custo. Se vincular a imagem do produto da Positivo a uma fácil instalação do MS Windows facilita as vendas, ele vai fazer sem pudor. Só deve esclarecer que a instalação do MS Windows nas máquinas positivo retira do computador parte da garantia e do suporte... Se não, está lesando o consumidor, sendo o canal (Shoptime) passível de ação judicial.
Eu, as vezes, tento me imaginar no lugar de um usuário leigo. Se a distribuição Linux que viesse na minha máquina fosse uma bela porcaria (como parece que são, sem qualquer comunidade ativa), obviamente gostaria de instalar o Windows nela.
Um usuário leigo não compreende o conceito de multiplicidade de variações do GNU/Linux, as distribuições. Para eles, aquilo (bela porcaria que instalam mal instalado como padrão) é Linux e não pode ser melhor.
Para o consumidor leigo, é como comparar um "Ipod" a um "MP3 Player genérico Foston". Ele vai querer o Ipod, obviamente. Para o leigo, o "Ipod" é o Windows e o Linux é o "Foston", made in china de baixa qualidade.
O que a comunidade Linux demora a perceber é que essa é a mentalidade da mente dos consumidores... E é isso que os vendedores, com o mesmo grau de conhecimento dos seus clientes, reproduz e tenta amenizar, dizendo que aquele "Foston" pode parecer um "Ipod" (parecer, visto que não dizem que os componentes de hardware, muitas vezes, são de baixa qualidade), se instalar o Windows.
Nós temos conhecimentos avançados em informática se compararmos ao padrão da população brasileira. Lutar para que pensem como nós é exigir demais.
O que fazer?
Trazer uma estratégia adequada para evitar a evasão... Onde estão as Universidades e seus Centros de Ciência da Computação que não divulgam entre os próprios alunos o que sabem?! Ou será que não sabem?! Grande parte dos alunos Universitários, não ligados às engenharias e exatas, compreendem informática como o cidadão padrão brasileiro. Com exceção de instalar um joguinho ou outra coisa, não sabem muito além.
Onde estão os grandes formadores de opinião do software livre no Brasil que não se pronunciam sobre o assunto?! Não fazem uma campanha pela divulgação do Software Livre?! Não montam projetos com parceiros globais, como a Canonical e FSF para divulgar adequadamente o sistema, as suas variações, particularidades e vantagens, com spots na Internet (mais econômicos), nos grandes portais?!
Por que o software livre, o GNU/Linux não manifesta-se juridicamente contra essa dilapidação da imagem do sistema e do consumidor brasileiro, exigindo seriedade na aplicação do programa Computador para Todos e das regras para a isenção fiscal?! Onde estão os cutucadores do Ministério Público?! A Imprensa mais alternativa, como a Carta Capital e a Caros Amigos?! As revistas Linux Magazine, os grupos que lucram com o GNU/Linux no Brasil?!
Fácil bater no leigo e no vendedor, que é leigo do mesmo modo (ou o Takeda sabe alguma coisa de informática?! É um ator que sabe vender, só isso). Difícil é mobilizar uma comunidade recondida, que ainda tenta preservar uma pretensa superioridade e que se reserva o direito de manter-se longe dos reles mortais ao invés de utilizar a sua estrutura para protestar e apontar o dedo nas irregularidades.
Ou querem que os usuários, como nós, façamos isso?! Só quem pode fazer são aqueles que desenvolvem e estão envolvidos nos projetos. No fim, todos saem beneficiados se aqueles que podem tomar a frente e a atitude o fizerem.
Comecemos dentro de casa, nas Universidades, os cientistas e engenheiros da computação escondem-se em seus laboratórios de informação e não se mobilizam para nada além de seus projetos pessoais.
Abraços,
Lauro.