Musinet, ganhei de você! (Também, você nem chegou aos 40 e já estou nos 58...)
Mas meu primeiro programa foi na Faculdade de Engenharia da Universidade Federal do Paraná. Foi programado em Fortran, em um IBM 1130 (acho que é isso) com memória de... 8 KBytes (por extenso para vocês não pensarem que errei a digitação: oito KiloBytes). O computador era o único na universidade e o pessoal estava satisfeitíssimo porque havia acabado de dobrar a memória e colocado uma unidade de fita magnética!
Uns 2 anos depois, melhorei de "nível" e fui estagiar numa empresa que usava o "bureau" da IBM, onde havia um IBM /360 com, se não me falha a memória, 24 KBytes de memória. Aí, eu já programava em PL/1, que, na época, se dizia que seria a linguagem do futuro (um dia destes, estava lendo a história do Unix e vi que uma parte do sistema que antecedeu o Unix foi escrita nessa linguagem). Depois, como o futuro não veio, fui programar em Cobol, como o Musinet aí em cima. E, também como ele, eu usava um formulário de codificação só que o meu não ia para a digitação mas para a perfuração em cartões (e estes tinham que ser manipulados com um cuidado danado pois, se você os deixasse cair, era uma trabalho imenso colocar os 200 ou 300 cartões em ordem novamente pois eles tinham que estar em ordem para o programa não dar erro de compilação).
Mas o processo era o mesmo do Musinet: você deixava a massa de cartões para compilar pela manhã (antes das 11h30). À tarde, todos os programas eram compilados e você recebia a listagem de compilação no final do dia ou no dia seguinte pela manhã. Se houvesse um errinho bobo qualquer, só compilava de novo na janela de compilação da tarde seguinte. Então, tinha que conferir todo o programa no olho mesmo, para não haverem erros bobos de digitação ou de codificação pois, além dos prazos, havia medidores de eficiência: ia um relatório para a gerência mostrando quantas vezes cada programa era compilado até chegar ao resultado final. Os piores índices levavam uma "prensa" do chefe (e, os "repetentes" corriam risco até de perder o emprego).
Mais algum tempo, e virei gerente e aí deixei de trabalhar na área técnica, virando "usuário especialista".
Meu primeiro computador pessoal foi um TRS-80, de uma empresa de Minas (esqueci a marca -- acho que era Digitro), com 8 KB de memória. O monitor era uma TV branco e preto da Philips e a entrada de dados era através de um gravador de fita cassete (aqueles aparelhos "portáteis" do tamanho de um tijolo... *rs*). E tinha que ajustar volume e tom no nível correto para que a fita fosse lida. Era um tremendo trabalho: às vezes, eu levava uns bons 15 ou 20 minutos até achar os níveis corretos de volume e tom para poder ler as fitas... Nele, eu "brincava" com o Basic e meus filhos jogavam uns joguinhos bestas (o computador não tinha nada de gráfico -- era todo em modo texto) mas que foram uma coqueluche entre a garotada do prédio. E meu primeiro modem foi um 300/1200 (300 bps para upload e 1200 para download). Quando consegui comprar um de 2400 bps, foi a glória (e não havia internet: a gente acessava BBS's, os tataravôs do MSN).
Na empresa em que eu era gerente, convenci a Diretoria a comprar 5 CP-500 da Prológica (moderno: já tinha leitor de disquete!) e, foi um parto para convencer o pessoal a receber esses micros pois os gerentes das áreas achavam que eu estava querendo enrolá-los para não usarem o mainframe e deixá-lo "só para o pessoal do CPD". Só depois, quando eles viram as vantagens de usar Wordstar e Visicalc, é que se convenceram (e o Wordstar era sem acentos! O Jurídico da empresa proibiu que os contratos fossem digitados no Wordstar pela falta desses acentos).
Uma das coisas engraçadas daquela época que demonstram como os equipamentos eram "evoluídos" foi que uma vez compramos umas máquinas de digitação (esqueci a marca, que já não existe mais) que começaram a dar problema e volta e meia travavam. Aí, depois de muito estudo do problema pelo pessoal da manutenção do fabricante, eles acabaram chamando um cara da fábrica no Rio e ele, vendo o problema "ao vivo", deu o veredito: o digitador estava digitando muito rápido e o buffer do teclado enchia, travando a máquina!!! (E ainda tem gente que reclama do desempenho do Vista... *rs*)
Bom, o resto é história que daria para encher um livro...
Um abraço.