A Gendarmerie National corresponde grosso modo a nossa Polícia Federal. Até 2013 quase todos os seus postos (aproximadamente 70 mil!) estarão equipados com Linux. Segundo o diretor-adjunto da Direção de Segurança Interna da França, Coronel Nicolas Géraud, os motivos pelos quais a gendarmerie decidiu-se pelo Ubuntu são os seguintes:
(1) a maturidade do Linux;
(2) a eficácia do modelo comunitário de desenvolvimento;
(3) respeito pelos padrões que permitem a interoperabilidade;
(4) confiança na tecnologia, assegurada pela sua transparência, e
(5) redução de custos (economia de 20% nas despesas globais com sistemas de informatização), devido a economia obtida na obtenção de aproximadamente 700 mil licenças.
Enfim é isto. Com exceção da nossa TV Cultura ("modelo de televisão pública no Brasil", diz seu slogan), o setor público está migrando em peso para sistemas livres, exatamente pelas mesmas razões agora apontadas pela polícia francesa.
A escolha específica do Ubuntu deveu-se não ao Ubuntu propriamente dito (e nem ao fato deste ser mantido por uma empresa...), mas ao fato de que boa parte dos servidores da gendarmerie já rodam com o Debian. Para o pessoal da gendarmerie, decerto, o Ubuntu deve ter sido considerado "um Debian" especialmente adequado para estações de trabalho.
E o fato da decisão ter sido adotada por um governo conservador revela mais uma vez que o Linux não é uma questão ideológica; ou pelo menos, não é mais um ponto da disputa entre direita e esquerda (e olha que os franceses levam ainda muito a sério a disputa esquerda/direita!).
E, ao contrário de muitos de nossos colegas, a polícia francesa considera que o modèle communautaire du développement Libre est validé, quer dizer, que o modelo comunitário de desenvolvimento foi convalidado pelos órgãos especializados no assunto.