O assessor especial da Presidência da República, Cézar Alvarez, afirma que não será possível trazer o polêmico laptop de US$ 100 para crianças e adolescentes brasileiras ainda neste ano. O laptop faz parte do projeto OLPC (One Laptop Per Child, ou um laptop por criança), idealizado por Nicholas Negroponte, do MIT (Massachusetts Institute of Technology).
Negroponte afirmou e o ministro Gilberto Gil (Cultura) confirmou que o governo brasileiro tem interesse em distribuir a máquina a estudantes, assim como Índia, China, Nigéria, Tailândia e Egito, entre outros países.
Alvarez disse, no entanto, que Negroponte já indicou que não terá condições de desenvolver uma versão de teste do laptop até março, como esperava. O principal dificuldade seria criar um display (tela) compatível com a máquina e dentro dos custos propostos. "Continuamos trabalhando nesse projeto, mas precisamos aguardar o Negroponte desenvolver o laptop", disse.
Negroponte, que apresentou um protótipo da máquina em novembro, afirmou na época que os governos dos países no alvo do projeto pagariam US$ 100 para oferecer o laptop a crianças e adolescentes que vão a escola. Eles ficariam com o computador, que também poderia ser utilizado em suas casas.
A iniciativa de Negroponte é uma das mais audaciosas propostas de inclusão digital do planeta. O projeto causou polêmica. A Intel, por exemplo acredita que a máquina, apesar de barata, terá tantas limitações que não será interessante ao consumidor.
Outros críticos iniciais do projeto, como Bill Gates, por exemplo, abandonaram recentemente o ceticismo e já tentam trabalhar junto com Negroponte na construção da melhor máquina possível de US$ 100.
Uma das características do computador é uma manivela que fornece energia em caso de falta de eletricidade --cada minuto de movimento manual garante dez minutos de funcionamento. O PC também será protegido por uma capa de borracha porque precisa ser "totalmente indestrutível", já que seu público-alvo é formado por jovens estudantes.
O produto deve ter processador de 500 MHz da AMD, memória flash, software livre e tecnologia Wi-Fi (para acesso sem fio à internet). Entre os parceiros do projeto estão AMD, Google, Brightstar, News Corporation, Nortel e Red Hat.
JOÃO SANDRINI
da Folha Online
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u19550.shtml