Como gosto de testar distros, usei todas aquelas citadas neste tópico, inclusive o novo Dreamlinux. Então posso fazer as seguintes observações:
1. Nem sempre é mal negócio para uma das "grandes" distribuições o surgimento de algumas variantes (derivatives). Algumas das melhores inovações do Knoppix foram contribuições de um projeto derivado, a Kanotix, cujo desenvolvedor, Jorge Kano Schrottke julgava o projeto original excessivamente conservador. Entre uma grande distro e suas derivadas pode surgir uma troca de contribuições que conduz a soma e não a dispersão de esforços. Neste sentido, a aliança recentemente formada em torno do Debian por suas derivatives é uma espécie de reconhecimento do papel positivo que estas últimas podem desempenhar.
2. Um dos maiores charmes do software livre é exatamente a possibilidade de customização, não só segundo gostos distintos, mas também, segundo necessidades particularidades. Neste sentido, as variantes do Debian são tão legítima quanto as do Ubuntu, como BeatriX, GnoppiX, Guadalinex e Molinux. Aliás, o próprio Ubuntu cuidou de criar alguns projetos secundários, como o Kubuntu e Edubuntu.
3. Kurumin, Kalango e Muriqui Linux não diferem somente pela cor.
(a) O Kurumin é especialmente preparada para computadores mais antigos, para ser uma distro leve, ágil e fácil de usar. Seu foco, portanto, é o computador com poucos recursos e o usuário pouco experiente. Até a última versão, sua base era a versão estável do Debian, opção moficada agora para uma versão congelada e - espera-se, segura - do Debian Etch (testing).
(b) O Kalango, por sua vez, também visa atender o usuário iniciante, mas sem a mesma preocupação com o desempenho em máquinas antigas. Logo, é um sistema muito maior, que instala de uma só vez quase todos os aplicativos necessários a um usuário desktop. Seu objetivo é familiarizar o usuário com os vários ambientes gráficos oferecidos pelo Linux, cuidando também de uniformizar a aparência de todos eles segundo um mesmo padrão visual. Sua base mistura pacotes das versões testing e instável do Debian.
(c) O Muruqui também está voltado para o usuário desktop. No entanto, ao contrário dos dois primeiros, nem sequer é um Live CD. Sua base é o Debian Sarge e a instalação ocorre por meio da versão desenvolvida pela Progeny para o instalador gráfico Anaconda. Oferece maior diversidade de programas que o Kurumin e o Kalango em cada categoria de aplicativos e somente um ambiente gráfico, o KDE. Dispõe de um respositório próprio. Dos três é o que oferece a base mais segura para o uso corporativo. Kurumin e Kalango se prestam mais ao usuário doméstico.
4. A Dreamlinux é a primeira variante do Morphix a ser desenvolvida no Brasil. Pela simples possibilidade de combinar uma base Debian com a modularidade de um Slax, o Morphix é um projeto que merece muita atenção. Além disso, ele dispõe de ferramentas próprias que podem ser muito úteis a quem deseja desenvolver uma distro própria, rigorosamente adaptada às suas necessidades, mas com a imensidão dos repositórios Debian e o conforto do apt-get à sua disposição. O principal mérito da Dreamlinux é traduzir tais ferramentas e ainda oferecer um sistema de aparência impecável, quase perfeito para quem deseja ter um Debian rápido e leve.
5. A versão beta da Dreamlinux, que eu testei em minha máquina, ainda padecia de alguns defeitos graves na configuração do sistema e no reconhecimento de hardware. Este último aspecto, aliás, não fazia jus às suas origens, o Morphix e o Knoppix.
No entanto, a versão estável do sistema mereceu fartos elogios do site Tuxmachines, que geralmente só reserva o mesmo entusiasmo para as variantes do Slackware. Não me lembro de ter lido comentários tão positivos reservados a nenhuma outra derivative do Debian, nem mesmo a Kanotix!