Daqui a vinte anos, o português não será mais o mesmo independentemente de reforma ortográfica. As línguas mudam, evoluem, simplificam-se, e a escrita nada mais é que a representação da fala. Nascemos pra falar, não pra escrever, e é por isso que as reformas ortográficas existem: em grande parte, elas são motivadas pelas mudanças que ocorreram na fala (na língua, portanto) e que precisam ser incorporadas à ortografia. O português de Portugal vai continuar se diferenciando do português do Brasil, da mesma forma que o inglês britânico tem-se diferenciado do americano. Contudo, eles têm uma ortografia unificada, o que facilita o intercâmbio de documentos. Por outro lado, nada impede que um inglês ache "estranho" um texto produzido por um norte-americano e vice-versa, o que é absolutamente natural. Agora, perceba que essa "estranheza" vem da diferença natural entre os "idiomas", e não da ortografia. Acontecerá o mesmo entre Brasil e Portugal: continuaremos "estranhando" certas construções dos portugueses e vice-versa, mas a "tradução" em textos escritos de um para outro ficará um pouco facilitada por causa do acordo ortográfico.
Sinceramente, não vejo uma só razão para não se gostar desse acordo, a não ser, claro, uma certa "saudade" de como as coisas eram escritas antes.