http://www.vivaolinux.com.br/artigo/A-mitologia-da-imunidade-a-virus-no-Linux/
A mitologia de imunidade a vírus no Linux
Ao navegar na rede e entrar em alguns fóruns, vejo que o povo anda meio que subestimando o poder dos vírus que existem e que existirão para Linux, muitos usuários de Linux ou UNIX acham que basta se aplicar uma política com chmod ali, tirar um usuário root dali, usar um chroot acolá e criar boas senhas resolverá todos os problemas. Ora meus amigos!
Isso já é costume cultural em comunidades UNIX e Linux, isso só não é feito no mundo Windows, onde todos usuários débeis acham que o dono do computador por hierarquia deva ser o administrador e como ele tem de fazer tudo, tendo assim a sensação de poder e o uso de outros usuários restritos um estorvo.
No Linux os cuidados básicos quanto a isso já estão, eu diria, 75% acertados, então como o vírus nos atacaria? Muito simples: lembram da praga do buffer overflow? Bom, acho que já deu pra você imaginar tudo não é? O que mais se tem de erro em um sistema UNIX ou Linux é o buffer overflow, e o que é o buffer overflow a grosso modo?
Eu diria que são programas mal projetados em suas validações de IO, que ao estourar manda para um certo lugar da memória ou processador uma certa ordem, como é o caso daquelas fotos pornográficas que de maneira bem planejada têm em seu final comandos como c:\windows\cmd para "ferrar" o mal feito Internet Explorer.
Bom, sabemos que o Linux e UNIX dão um show nisso (vide sendmail e bind), então um vírus capaz de explorar um desses possíveis estouros de memória no Linux, pode muito bem ser feito para explorar um programa qualquer que rode como root e que seja usado em rede para entrar no sistema e depois baixar o que bem quiser para completar sua tomada de poder na máquina local, colocando qualquer política de chmod, chroot, chown e senhas no "chinelo". Depois de tomado o sistema (ownado) , o vírus altera o ps para não ser visto no sistema e por aí vai. Esse é o caso dos vírus Lion e Adore, que atacam vulnerabilidades no BIND.
Qual a minha previsão então? Se o Linux continuar crescendo e nenhum outro Unix-like superior tomar a cena no mercado desktop, os vírus crescerão drasticamente. Considerando que cada programa que existe para console, ao ser pesquisado em lugares como o CERT revela uma falha grave, o assunto fica ainda mais sério. Qual seria a solução? Ficar atualizando o sistema dia e noite? Bom, isso seria tão divertido que a pessoa não faria mais nada a não ser ficar atualizando todos os executáveis do sistema.
Usar antivírus? Não, isso é nojento e vicioso, assim como a medicina ocidental acha bom criar remédios para doenças, os antivírus acham bom termos vírus para lucrarem às custas de nossa ingenuidade.
Trocar o kernel? Não sei, até hoje o kernel cresceu, teve novidades, mas nada que fosse revolucionário em segurança ao meu ver, me desculpe a franqueza.
Pra mim os criadores do kernel deveriam encarar esse assunto com seriedade e não ficarem querendo apenas expandir o sistema pra servidores da IBM da vida.
O kernel 2.6 até prometia algo pra acabar com os buffers overflows, mas foi mais uma promessa do que realidade, deveria-se criar uma maneira de evitar que somente usuários poderosos pudessem fazer algo no sistema, os controles de permissões estão aí pra ajudar nisso, não entendo por que somente o root pode usar algumas portas TCP do sistema e os outros usuários não. O que adianta o usuário comum não poder fazê-lo e um atacante poder?
O kernel por fim deveria ter uma espécie de filtro que impedisse usuários comuns ou eventos incomuns tomassem poderes de root de uma hora pra outra, como é o caso do su, que deveria ser banido do console, deixando assim um usuário comum completamente isolado do root.