Olá pessoal. Consegui a resposta do SERPRO à Revista Veja.
Créditos ao amigo mvkako que postou ela no fórum Edonkers onde eu sou moderador.
Resposta do SERPRO a matéria da VejaO Serpro contesta matéria da Veja A revista Veja que circula nesta semana trouxe matéria com o título “O grátis saiu mais caro”, afirmando que, “ao insistir no software livre, o governo deixa de melhorar serviços eletrônicos aos cidadãos e desperdiça dinheiro”.O Serpro foi procurado pelo jornalista Duda Teixeira, que assina a matéria em questão, para que fornecesse informações sobre número de empregados admitidos pela Empresa nos últimos anos, e sobre as economias geradas com a migração dos desktops para software livre. Foi esclarecido ao jornalista que, em função de ser uma empresa de tecnologia da informação e comunicação, o Serpro contabilizava economias significativas também com outros itens, além daqueles referentes à não aquisição de licenças.
Em sua resposta a Veja, por escrito, o Serpro informou que, desde o início da migração para software livre, economizou R$ 14,8 milhões. O investimento em treinamento, consultoria e suporte para software livre foi de R$ 396 mil. Como resultado final, o Serpro (leia-se governo) economizou R$ 14,4 milhões. Esclareceu também que, de 2001 a 2005, abriu vagas em concurso para 2.333 profissionais.
Surpreende, na matéria publicada, a ausência dos números fornecidos pelo Serpro, o que não seria problema, uma vez que cada matéria jornalística é sempre um recorte que não esgota o assunto em foco. Entretanto, as informações publicadas sobre o “resultado tão ruim” da tentativa de migração do ComprasNet e do programa do imposto de renda são inverídicas e, portanto, tendenciosas (ver texto abaixo).
Por outro lado, os dados de economia e investimentos com a implantação do software livre precisam ser olhados de forma focada, sim, mas precisam também ser contabilizados de forma global. Ao ser informado de que a economia do Serpro com o software livre ia muito além da migração de desktops, o jornalista mostrou-se desinteressado, afirmando não necessitar de outros dados.
É lícito ao Serpro deduzir que na apuração da matéria interessava apenas cruzar as informações de número de desktops migrados versus número de novos técnicos admitidos pelo Serpro, para sustentar uma hipótese que o jornalista (ou a revista Veja) já havia formulado, de que “a migração para o software livre custou caro para os cofres públicos”. Esta tese também não se sustenta, neste caso, porque os técnicos admitidos pelo Serpro atuam em várias áreas da Empresa, não apenas nos projetos de software livre.
Cabe esclarecer também que, na condição de prestador de serviços à administração pública federal, as plataformas e tecnologias adotadas pelo Serpro dependem de negociação prévia com os órgãos contratadores. O Serpro não impõe plataformas aos seus clientes. Produtos e soluções dos mais diversos fornecedores convivem dentro do Serpro, todas adquiridas por pregão eletrônico e dentro das exigências da Lei de Licitações.
Por sentir-se agredido em sua imagem e por concluir que a matéria é tendenciosa ao ignorar as vantagens e benefícios reais advindos da adoção de software livre, o Serpro é signatário, junto com a Secretaria de Logística do Ministério do Planejamento e com o Instituto Nacional de Tecnologia da Informação – ITI, da correspondência abaixo, enviada à redação da revista Veja no dia 17 de maio/2006.
Carta encaminhada à redação da revista Veja
Com relação à matéria “O grátis saiu mais caro”, publicada na edição de 17/05/06, gostaríamos de esclarecer que o software livre é uma opção estratégica do governo federal por reduzir custos, ampliar a concorrência, gerar empregos e desenvolver o conhecimento e a inteligência do Brasil nessa área. Esclarecemos que somente com o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), citado no texto, obtivemos uma redução de custos de cerca de R$ 14,8 milhões ao implantar o software livre, o que exigiu investimentos em serviços e treinamento de apenas R$ 396 mil. Caso a citação de contratação de 2 mil técnicos esteja referindo-se ao Serpro, a Empresa esclarece que as vagas abertas para concurso público nos últimos anos tiveram o objetivo de atender às várias áreas de atuação, desde desenvolvimento de sistemas, área de rede, datacenter, administrativa e software livre, para citar algumas.
O desenvolvimento dos padrões e-PING adotados pelo governo para a troca digital de dados e informações possibilitaram importantes avanços na comunicação entre as bases de dados oficiais. Entre eles, destacamos a integração em 2004 dos sistemas de segurança pública dos estados ao Infoseg, do Ministério da Justiça, a um custo de apenas R$ 8,5 milhões. Hoje, informações como cadastros de veículos e de pessoas com mandado de prisão decretada estão disponíveis on-line 24 horas por dia, informação também omitida no texto da reportagem. Durante anos, o governo não conseguiu fazer essa integração devido aos altos custos em investimentos em equipamentos, softwares e pagamentos de licenças com softwares proprietários que foram orçados em R$ 4 bilhões.
Em compras governamentais, tivemos o maior desempenho com o pregão eletrônico desde a sua implementação em 2000. No primeiro trimestre de 2006, este representou R$ 1,1 bilhão das compras de bens e serviços comuns, com uma participação de 46% do total adquirido pela administração direta. Em 2002, o pregão eletrônico representava apenas 0,8% das aquisições com R$ 62 milhões licitados. O Brasil foi reconhecido pelo BID e pelo BIRD como o maior usuário de compras eletrônicas do mundo na modalidade leilão reverso e o sistema federal brasileiro foi o primeiro aceito por ambas as instituições financeiras para contratações envolvendo seus recursos. Levantamento da FF Pesquisa & Consultoria / e-stratégia pública e divulgado em parceria com a Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico - Camara-e.net, indica que as compras da União, incluindo a administração direta e indireta, representaram no primeiro trimestre de 2006 cerca de 40% dos R$ 419 milhões em compras públicas realizadas integralmente pela internet.
No caso do Imposto de Renda, informamos que o programa opera em multiplataforma. O contribuinte que utiliza os programas do Imposto de Renda não pode ficar refém de apenas uma plataforma, seja ela qual for. A opção por torná-lo multiplataforma faz parte da estratégia de governo, de adotar soluções universais, melhor ainda se forem mais econômicas. A respeito da suposta “utilização pelo Governo Lula das conquistas eletrônicas da administração anterior em sua desastrada campanha para se tornar líder sul-americano, com conseqüências que teriam sido um banho de água fria nas aspirações comerciais de muitas empresas sediadas no Brasil”, temos a informar que o consórcio Vesta/Unisys - cuja diretora da empresa Vesta é citada na matéria - teve seu contrato rescindido pelo Governo Federal no dia 20 de dezembro de 2002, no apagar das luzes da antiga administração. O motivo foi a não implementação das funcionalidades do pregão eletrônico e do portal de compras públicas Comprasnet, conforme havia sido contratado e não devido à substituição da solução por softwares abertos. Isso causou atrasos na implantação do sistema de pregão eletrônico, que precisou ser totalmente refeito pelo Serpro. Além disso, ao contrário do que consta na matéria, o portal Comprasnet não teve versões em código aberto, há uma segunda versão em desenvolvimento que utilizará software livre.
Rogério Santanna - Secretário Executivo do Comitê Executivo de Governo Eletrônico/Ministério do Planejamento
Renato Martini - Presidente do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação
Wagner Quirici - Diretor-Presidente do Serpro
Fonte: SERPRO
Link:
http://www.serpro.gov.br/noticiasSERPRO/20060518_05