Autor Tópico: Minha experiência com a Parsix  (Lida 4923 vezes)

Piras

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Minha experiência com a Parsix
« Online: 26 de Junho de 2006, 01:56 »
A Parsix é uma distribuição iraniana: isto mesmo do Irã! Parsix vem da palavra farsi "parsi", que designa os persas, maior etnia do país, a antiga Pérsia. Trata-se de uma distribuição construída a partir do ramo instável (unstable) do Debian, conhecido pelo codinome Sid, e do excelente Live CD Kanotix, que é, por seu turno, uma variante do Knoppix.

A maior diferença entre a Parsix e a sua origem imediata, a Kanotix, é o ambiente gráfico padrão, o Gnome. Além disso, enquanto a distro de Kano adota um kernel otimizado para a arquitetura i586, a versão instalada por omissão na Parsix é otimizada para processadores de arquitetura i686.

O kernel desenvolvido pela Kanotix já conquistou um certo renome no mundo Linux, tanto pela compatibilidade com os mais variados tipos de hardware quanto pela forte contribuição ao desempenho do sistema. No caso da Parsix, foram também acrescidos os patches do projeto Con Kolivas, concebidos para tornar o sistema ainda mais reativo.

Não é à toa que o ponto forte da Parsix seja precisamente a rapidez do sistema. Já experimentei sistemas totalmente otimizados para a arquitetura i686 e não notei diferença relevante em relação à velocidade alcançada por este Debian-Parsix. Mas, se comparada ao Ubuntu, por exemplo, a superioridade da Parsix em termos de rapidez é bem mais do que nítida.

O Gnome na Parsix é bem configurado, seguindo aqui o padrão Debian. Nada que se compare a forte personalização sofrida pelo desktop no Ubuntu, mas, de qualquer modo, é um Gnome 2.14.2 completo e muito fácil de usar.

Os utilitários de configuração são aqueles da dupla Debian/Gnome, com o acréscimo de alguns scripts muito úteis, com interfaces gráficas modestas mas funcionais. Eles podem ser encontrados, juntamente com o ícone do instalador, no submenu Parsix do menu Aplicações.

O instalador, aliás, é bem conhecido de quem já instalou o Knoppix ou Kalango em seu disco rígido. Trata-se de fato do velho e bom instalador Kanotix, desta vez em versão gráfica construída com a biblioteca GTK2, base do Gnome. Simples, funcional e fácil de usar.

Em termos de aparência, a interface gráfica ainda não alcançou o nível do Ubuntu, mas está muito próxima disso. Falta ainda um bootsplash e outro splash para a tela de desligamento, mas o papel de parede oficial é muito bonito e o mesmo pode ser dito do screen splash do Gnome. O tema oficial do desktop é nada menos que o Human, isto mesmo, o Human à la Ubuntulooks!

Dificuldades? Sim, elas existem, é claro. Não há, em princípio, suporte para o nosso idioma. Assim, para obter o pt_Br será preciso antes instalar o pacote aspell-ptbr, o que requererá, por sua vez, a ativação de novos repositórios .deb no Synaptic. Depois disso, será preciso rodar o dpkg-reconfigure locale e ainda alterar alguns arquivos etc por meio do Gedit ou do GVim. Só isto? Não, pois a versão do Firefox adotada pela Parsix não dispõe ainda de seus respectivos pacotes locale. Será preciso então procurar os arquivos .xpi na página oficial da Mozilla. Por fim, para completar o trabalho, bastará instalar o pacote locale do OpenOffice. Bem, quem não dispuser de uma boa conexão com a Internet pode perder um bom tempo com todo o processo.

Além disso, o que há de realmente ruim na Parsix? Enquanto usei a última versão (0.81) - período muito curto, aliás - não houve nenhuma quebra ou desfuncionalidade do sistema. Mas como os aplicativos vieram quase todos dos repositórios Debian unstable ou mesmo experimental, é legítimo temer alguma instabilidade por parte do sistema.

De outra parte, a seleção de aplicativos é repleta de idiossincrasias e redundâncias. Bem, ninguém julgará muito excêntrico substituir o Rhythmbox pelo BMP; aliás, é o que muitos fazem tão logo terminam de instalar seu Ubuntu. Mas ter o Balsa como cliente de e-mail padrão não é lá uma escolha muito comum! Mas as redundâncias são um pouco piores. Com efeito, vendo juntos o Graveman e o GnomeBaker, o GQview e o gThumb, o Evince e o Gpdf, o FIrefox e o Epiphany, me perguntei por que diabos não havia também um Thunderbird ou Evolution ao lado do Balsa?

Bem, quem não dispõe de uma boa conexão com a Internet talvez até mesmo aprecie este lado da Parsix. E apreciará ainda mais saber que o FrozenBubble pode ser encontrado no submenu Jogos, pouco acima do Supertux! Isso e o suporte multimídia - completo! - pode parecer um belo consolo para quem não gostar de algumas excentricidades, inclusive, da ausência quase completa de aplicativos P2P. De qualquer modo, explicar racionalmente o menu da Parsix pode ser um feito quase tão grande como desenvolver tão bem software livre à sombra dos aiatolás e de... George Bush!